sábado, 13 de agosto de 2011

Ela só tinha um sonho...


Mais um dia começa , iguais aos outros, não tinha diferença alguma, a mesma rotina todos os dias, o mesmo desgosto ao acordar, respirava fundo, olhava para fora, um dia lindo, e eu ali, parada, sem saber se sorria ou  se caia aos choros , a vida não tinha mais sentido, era tudo obscuro, tudo tão chato, queria só ir embora dali, mas minhas pernas não se moviam!
Nunca esqueço aquele dia, nunca esqueço aquele momento, as imagens rodeiam a minha cabeça, a minha vida acabou naquele dia. Quarta-feira dia 13 de janeiro, as 23h, o pior o mais horrível dia da minha vida, lembro de cada detalhe como se fosse hoje. Um dia de zueira, eu e o meu namorado ou melhor meu ex namorado, saimos de uma festa, ele tinha bebido muito, mas eu não, estava consciente, mas não adiantou nada, meu mundo se perdeu naquele momento em que vi uma luz forte vindo em nossa direção, e eu sem poder fazer nada, foi tudo tão rápido, quando vi já entava atirada ao lado do carro, sangrando, e meu namorado dentro do carro, inconsciente, sangrando. Naquele momento começei a ficar sem força, tudo estava escureçendo, tudo ao meu redor girava,depois de um tempo quando acordei abri meus olhos, pensei que estava em um pesadelo, com todos aqueles médicos ao meu redor, meus pais chorando, e eu lá deitada sem saber o que estava aconteçendo direito, quando notei estava fechando meus olhos novamente, mas eu não queria algo me obrigava a isso, era mais forte que eu.
         Depois de algumas horas, acordei novamente, de um sono profundo, ainda estava fraca, olhei ao meu redor meus pais estavam lá, ainda chorando, e num gesto imediato minha mãe ao me ver abrindo meu olhos, me abraçou, como se fosse o último abraço. Ficamos ali por algum tempo, eu tentava explicar tudo o que aconteceu, e ela tentando me entender, pedi a ela que me perdoasse, pelo erro que cometi, pela irresponsabilidade que tive, de sair de casa,com meu namorado bêbado, ela sorrio e disse que estava tudo bem, que o que importava é que eu estava viva e bem, mas quando fui mexer as minha pernas algo estava errado, não conseguia mexe-lás, algo em mim estava muito errado, pedi a minha mãe o que estava acontecendo, e ao pedir isso minha mãe num ato de desespero começou a chorar, e chorando me disse que perdi totalmente os movimentos das minhas pernas, nunca mais voltaria à andar. Naquele momento meu mundo desabou, minha vida havia terminado totalmente, naquele momento pensei em tudo, em todos meus erros, em todas minhas atitudes erradas, nas minhas mentiras, a única coisa que me vinha à cabeça era a morte, eu queria morrer naquele momento a minha vida não teria mais sentido depois daquilo, não valheria a pena viver dali por diante.
          Alguns anos se passaram, e durante esses anos não sai de casa, tinha um professor particular, não recebia visitas, e não queria, para mim minha vida era uma cadeira de rodas e uma televisão, passava o maior tempo do dia chorando, e tentando achar algo que me motivasse a viver, mas tudo em vão, não tinha porque viver, não achava nada que me dasse forças para continuar!
Dia 13 de janeiro, três anos depois daquele acidente, já não aguentava mais, não suportava ficar naquela cadeira, não suportava mais a vida que tinha. Já era de tarde minha mãe insistiu pra que eu saisse de casa, então três anos depois resolvi sair de casa, porque antes eu só ia ao médico e mais nada, então ela me levou ao parque, e lá fiquei olhando as crinaças brincando e sentindo a suave brisa do vento batendo em meu rosto, aquilo meu deu um ar de esperança, começei a chorar, e disse a minha mãe que dali por diante iria mudar.
Algum tempo depois já tinha reconquistados todos meus amigos, já saia mais de casa, ia á escola como todos, até que num dia aceitei o convite dos meus amigos pra ir a uma festa, eu estava feliz como nunca, dali por diante minha vida recomeçou denovo, e estou muito feliz mesmo, vou viver cada momento agora, pois não posso passar o resto da minha vida chorando, agora eu vou viver!
      Foi assim o último relato de Isabela no seu diário, depois daquela festa, Isabela estava voltando com seus amigos da festa, de carro, e o carro capotou várias vezes, todos que estavam dentro do carro morreram, e na última folha do seu diário, estava escrito, “ Eu só tenho um sonho poder nem que seja por uma hora ter os movimentos da minhas pernas de volta, mas eu sei por todas vezes que reclamei da minha vida, não mereço isso, muitas pessoas piores que eu em uma cama de hospital, implorando mais um suspiro de vida, e eu aqui, chorando e reclamando por ter essa vida!
      (Bruna Alba)

Nenhum comentário:

Postar um comentário